sexta-feira, abril 27, 2007

CHOREI

CHOREI!
Ao cruzar a Rua Nunes Valente, vi um grupo de pessoas agitadas e algumas gritando. Dirigi-me para o portão do edifício e encontrei na calçada o corpo de um homem muito ensangüentado. Disseram que tinha sido baleado por assaltantes que tentaram roubar sua caminhonete.
Era o Eng. César Romero Teixeira que estava com um orifício de bala na região do coração, apnéico e sem movimento.
Como médico, completando 50 anos de profissão, o único que pude fazer foi tentar sentir o seu pulso e estimular a chamada da emergência. E toda uma imensa emoção explodiu em mim... e eu chorei.
Chorei pelo homem morto que ali encontrei e pela lembrança da crescente violência em nosso país, com assassinos, ladrões, narcotraficantes e desonestos variados sem a devida prevenção e repressão.
Chorei por conhecer a falta de educação e saúde para milhões de brasileiros, condicionantes importantes para a qualidade de suas vidas. E chorei, por saber que tudo isso vai piorar já que nem se fala na causa e razão fundamental de tudo: a má distribuição da renda do país. Por verificar que o governo tenta diminuir a pobreza, mas castigando a classe média.
Chorei por lembrar que pago a mesma porcentagem de imposto de renda que o mais rico do Brasil, país que não cobra imposto sobre o patrimônio.
Lembrei também da política atual e dos nossos representantes vinculados aos ricos proprietários do Clube dos 18% (que possuem 80% da riqueza nacional). Eles não vão querer, com certeza, mudar o rumo da economia brasileira com o falso destaque para o PIB, risco Brasil, inflação, etc., que não são os elementos fundamentais para a qualidade de vida de uma nação, como muitos autores já provaram.
Chorei sim, por ter aprendido a ter maior sensibilidade e amor. E continuarei a chorar, mas também lutando e gritando por um Brasil com melhor qualidade de vida.

Antero Coelho Neto
Médico Artigo Publicado no Jornal "O Povo" no dia 27-04-07

sábado, abril 07, 2007

I Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida na Área da Saúde

No "I Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida na área da saúde", realizado pela Universidade Federal de São Paulo, falei sobre "Qualidade de vida do adulto e do idoso", com imensa alegria. Considero este evento como um marco histórico da nossa Medicina. Foi um enorme sucesso com a participação de mais de mil profissionais e estudantes de todo o Brasil.
Coordenado pela Profa. Denise Diniz, conseguiu reunir grupos importantes de profissionais de diferentes especialidades e profissões da área da saúde e que tiveram a oportunidade de discutir a QV de nosso paciente e traçar metas, novos programas e parcerias nessa área.
Para mim, que venho lutando para a inclusão do paradigma "qualidade de vida" nos cursos da área da saúde, foi uma imensa satisfação verificar a grande participação e o nível dos trabalhos apresentados.
Não existe uma faculdade ou universidade de país desenvolvido que não tenha nos seus currículos da área de saúde a inclusão e valorização da qualidade de vida. Agora comprovamos que chegou ao Brasil. Ninguém mais vai poder duvidar que qualidade de vida tem de fazer parte das disciplinas de nossos cursos da área da saúde.
A enorme vantagem dessa inclusão não é apenas a valorização da "qualidade de vida" de nosso paciente mas para se conseguir isto, é necessário que se volte a humanizar a medicina. E temos de, novamente, valorizar a pessoa física, mental e espiritual no seu conjunto para que tenha uma vida saudável.
Vejam a riqueza da proposta. O valor da mudança. Pareceria uma volta ao passado? Sim, mas com um aporte das novas tecnologias, novos conhecimentos úteis e uma longevidade maior com vida ativa, criativa e saudável.
O importante agora é lutar com mais intensidade pelo princípio que há muitos anos destacamos: "saúde só é pouco, tem de haver boa qualidade de vida".