sábado, setembro 27, 2008

"Essas Mulheres Maravilhosas"

Artigo #295- Publicado no Jornal "O Povo" em 03-09-08

Essas mulheres maravilhosas

Contei 41 mulheres e apenas quatro homens cantando no coral da Escola Paulista de Medicina de São Paulo, em um Congresso sobre Saúde e Qualidade de Vida que participei há pouco tempo.
A face das mulheres era de grande alegria e satisfação, enquanto os homens sérios pareciam que estavam fazendo alguma coisa anormal, proibida. E assim é a regra nos corais brasileiros.

Temos procurado as razões fundamentais dessas diferenças e sempre comprovamos que elas não são regionais, locais, grupais ou especiais e sim, fundamentalmente, o comportamento do homem-macho. O machismo continua um fenômeno nacional e é uma das causas responsáveis pela maior sobrevida das mulheres brasileiras.São 8 anos mais que as mulheres ganham pela sua configuração hormonal, que já permite uma maior longevidade, melhorada pelos seus estilos de vida mais saudáveis. Comportamentos com menos restrições, sem muitas travas, maior satisfação de viver, mais amor declarado, maior religiosidade. E, principalmente, aqueles hábitos dirigidos para boa alimentação, atividade física, menos álcool, menos fumo, mais sexo com amor, menos estresses, participação em grupos e associações, mais atividades de trabalho com prazer e mais satisfação de cantar e de dançar.
No Ceará a coisa chega a tal ponto que muitas senhoras da sociedade dispõem de seus dançarinos contratados e particulares para as muitas festas que freqüentam. Enquanto os maridos ficam em casa assistindo televisão e, algumas vezes, freqüentando alguns bares famosos, elas dançam e se divertem. As mulheres cantam, choram, riem, dançam, fofocam, rezam, praticam lazer muito mais e melhor que os homens.
Outro dia, numa festa de aniversário de uma amiga, sentei numa mesa que tinha 6 viúvas, todas alegres e parecendo felizes. Uma delas era viúva de dois maridos. Parecia a mais alegre do grupo. E agora, outra recente notícia mais, as mulheres é que salvaram a pátria na nossa representação esportiva das Olimpíadas de Pequim.
Então homens brasileiros, vamos continuar morrendo e fazendo viúvas que não parecem tão tristes como deveriam? Será que vamos permanecer assim ou vamos aprender a viver mais?

Estudando a mulher idosa, tenho aprendido muito com elas e passei a ama-las cada vez mais. Mudei muito e até digo que "estou cada vez mais adquirindo os bons hábitos femininos". Entendam-me devidamente. E você cearense? Morre, mas permanece o mesmo machão latino-americano? Ainda há tempo... antes de deixar uma viúva alegre...

Antero Coelho Neto - Médico e Diretor do IQVida