sábado, setembro 05, 2009

SAÚDE DO HOMEM

Publicado no Jornal O Povo em 02-09-09

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É com grande satisfação que constatamos a oficialização do Projeto Nacional de Integração em Promoção e Atenção da Saúde do Homem. Durante muitos anos escrevemos e lutamos pela “igualdade” de uma política de saúde voltada para o homem, de uma maneira global e integrada, articulando os elementos e princípios fundamentais da saúde do corpo, mente e também espírito do homem. Espírito entendido como o conjunto de princípios e sentimentos dependentes das dimensões humanas que caracterizam a vida de cada pessoa: solidariedade, amizade, liberdade, compromissos, participação no meio em que vive, etc. Por que um grande desenvolvimento da saúde da mulher, da criança, do idoso (recente resultado de uma luta de muitos anos) e não também do homem? Por que a discriminação? Que interesses são contrários? Ao se analisar o cenário nacional, comprovamos que muitos homens não têm chance de procurar um médico por falta de tempo, serviço médico adequado e próximo e por não terem condições financeiras e nem estímulo para procurar um médico. E o que se constata é a grande diferença dos números entre os homens e a mulheres: Em 2007 foram ao SUS 2,5 milhões de homens e as mulheres quase 7 vezes mais: 17 milhões. O Instituto Nacional do Câncer, também em 2007, revela 45.400 mulheres com câncer e 49.530 homens apresentam Ca de próstata. O Ministério da Saúde também destaca que os princípios da masculinidade (do machismo brasileiro) limitam a procura preventiva e de promoção da saúde dos serviços médicos específicos. Muitos homens se negam a fazer exames de próstata, pênis, sexualidade, etc. o que tem causado grandes valores estatísticos prejudiciais. E o que mais agrava a situação é o conhecimento de que o homem tem uma alimentação muito mais deficiente, pratica menos exercícios físicos, tem mais estresses, menos religiosidade e sociabilidade, amam e choram menos do que as mulheres. E o mais significativo: bebem e fumam muito mais do que as mulheres. O consumo de álcool em Fortaleza, por exemplo, é de 35,9% de homens e 10,6% de mulheres. Nos dias 14 e 15 de agosto de 2009, a Sociedade Brasileira de Urologia, realizou em São Paulo, o Simpósio Internacional de Saúde do Homem, com uma programação muito variada e integral, articulando a vida saudável com qualidade, sexualidade e convivência com as doenças urológicas. Para confirmar a integração, a palestra de abertura foi proferida pelo ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, que fez uma análise do cenário médico brasileiro. E agora temos a maior alegria, ao constatarmos que o presidente Lula está do nosso lado, quando no Programa “Café com o Presidente”, no dia 10 de agosto passado, afirmou: “Além de procurar menos o serviço de saúde, os homens bebem mais, fumam mais e fazem menos exercícios do que as mulheres. Por isso, a importância de manter os hábitos muito saudáveis e fazer exame de prevenção rotineiramente, para evitar as doenças ou detectá-las em tempo, facilitando o tratamento e a cura.“ Até o presidente Lula! Viva o Brasil!
Antero Coelho Neto -
Médico e professor acoelho@secrel.com.br

Homem não chora!

Publicado no Jornal O Povo em 05-08-09

Cresci e me criei ouvindo esta frase de meus pais, familiares e de quase todos os amigos. Homem é homem! Não chora!
São milhares de referências em livros, artigos, pesquisas, músicas, etc. Na linda canção do guitarrista Roberto Frejaj ele canta: “Homem não chora, nem por dor, nem por amor. Homem não chora, nem por ter, nem por perder”
Pobres de nós, que tivemos de pagar um preço altíssimo por isso. Muitos machos morreram, sofreram, padeceram ou perderam ricos e lindos momentos da vida. Foram enganados, mortos e sacrificados em nome dessa “diferença fundamental” com a “pobrezinha” da mulher que realmente dirige e comanda a casa e os filhos fazendo de conta que está seguindo as “ordens” do marido, o grande chefão.
É interessante destacar que as mulheres Celtas, por razões locais específicas, nunca permitiram essa desigualdade e sempre foram as reais comandantes da vida familiar. E lá os homens estão felizes da vida, chorando e vivendo mais.
Claro que temos melhorado muito nesses últimos anos em relação às desigualdades entre os homens e mulheres, mas necessitamos, principalmente em certas regiões do país, melhorar muito mais. Ou “piorar muito mais” como diriam alguns machos?
Mas as brasileiras continuam vivendo mais do que os homens em valores muito acima de inúmeros países do globo. São 8 anos mais. E isto pela prática das mulheres de muitos elementos reconhecidamente de valor na nossa longevidade: maior sociabilidade participando de grupos de convivência e de amigas, dançando e cantando; religiosas e praticando muito mais a espiritualidade; amando com freqüência e habilidade; realizando mais atividade física; trabalhando muito (realizando atividades que lhes dão prazer); bebendo e fumando menos do que os homens. E chorando, sem fragilidade ou vergonha de mostrar para todos sua tristeza ou também alegria.
Comigo aconteceu uma transformação que jamais imaginava: passei a desenvolver vários dessas qualidades ditas femininas e hoje choro com facilidade, me sentindo muito melhor. Aprendi, trabalhando como médico na promoção da saúde e da qualidade de vida relacionada com a saúde e maior longevidade. E foi com as mulheres idosas, principalmente, que aprendi muitas coisas boas da vida humana.. Elas abriram para mim um horizonte diferente e melhor. Por isso, quando dou entrevistas na mídia, palestras nas organizações públicas e privadas ou em cursos de Faculdades, brincando eu afirmo, “Estou cada vez mais feminino”. Eles riem e para que não pensem “outras coisas” eu explico também sorrindo. E todos ficamos alegres.
Por isto, neste momento, o meu conselho: homens, vamos mudar de comportamento e vamos viver muito mais e melhor. E chorar vai nos ajudar muito. Os “machos” que nos condenem, mas “chorar é fundamental”. E que isto possa acontecer antes que a afirmação do famoso geneticista Steve Jones seja uma realidade: “o cromossoma Y vai desaparecer do mapa genético e os homens vão desaparecer”.

Antero Coelho Neto
Médico e professor

domingo, junho 14, 2009

Como ganhar mais anos de vida.

Várias pessoas me questionaram sobre o artigo publicado na revista Veja, destacando como podemos ganhar mais anos de vida “boa” e com “qualidade”. Será mesmo verdade isso que a revista publicou?
Quando regressei em 1994, da OPS/OMS e em artigos e entrevistas na mídia, falava de nossas possibilidades presentes e futuras de maior longevidade, soube que alguns amigos duvidavam e um deles chegou a dizer: “O Antero voltou maluco...”
Eu destacava números de organizações internacionais e de pesquisadores conhecidos mundialmente pela seriedade e grandezas. Pois aconteceu que vários desses números tidos como fantasiosos foram superados.
A evolução das ciências responsáveis pelo nosso funcionamento e desenvolvimento orgânico e psicológico, a melhoria das condições ambientais, o uso de práticas já conhecidas de comportamento saudável e de medicamentos modernos têm possibilitado alcançar esses valores.
Os elementos apresentados pela revista estão comprovados por várias pesquisas em organizações de grande destaque. Algumas delas até encontraram resultados mais animadores.
Alguns pesquisadores também famosos, no entanto, descartam a idéia de novos avanços tecnológicos e científicos, dentro do critério de “avanços em progressão geométrica”. Assim sendo, os avanços supostos para aumentos nos próximos 100 anos, chegando até a afirmativa de que alcançaremos em torno de 200 anos de perspectiva de vida, serão dificultados por uma série de impedimentos de nossa própria estrutura física e mental. Dizem alguns que, depois de 80 a 100 anos de perspectivas de vida, mesmo em países como França e Japão, não teremos possibilidades de avanços maiores. Os otimistas, que são muitos, recusam dizendo que esses avanços são imprevisíveis e não são colocados como indicadores nas pesquisas atuais nos seus devidos valores.
Seja como for, a maior importância da valorização dos principais condicionantes de nossa longevidade está também no fato de que eles estão associados a outros elementos estruturais como a prática de uma vida com hábitos e costumes saudáveis em seus aspectos físicos, químicos, biológicos, sociológicos, culturais e espirituais. Verdade que muita coisa tem de ser incorporada a nossa prática de vida diária, principalmente em certas populações do globo para podermos ter uma maior longevidade. Alguns desses condicionantes são simplesmente olvidados e pouca importância lhes é dada. No Brasil, vários são ainda os elementos que são esquecidos pela população e mesmo pelos órgãos de comunicação como a proteção contra os fatores de riscos físicos e químicos.
Termino lembrando que a verdade da longevidade está no equilíbrio: físico, químico, psicológico, biológico, sociológico e espiritual, o que nem sempre é fácil de conquistar e, algumas vezes não são aqueles elementos “espetaculares” que a mídia gosta de comentar.
Antero Coelho Neto
Médico e Professor

segunda-feira, maio 18, 2009

Responsabilidade social, individual e coletiva na Saúde.

Responsabilidade social, individual e coletiva na Saúde.

Muitos estão perguntando o que significam expressões, que agora estão cada vez mais presentes e atuantes, como: “saúde e responsabilidade social”, “promoção da saúde com satisfação de viver”, “saúde corporativa”, “saúde com qualidade de vida” e outras.
E já estamos muito atrasados na tentativa de desenvolvermos mais ações e projetos dirigidos com estas finalidades.
É exatamente a falta de um “sentimento” de cidadania dirigida para o público não governamental que nos diferencia dos países mais desenvolvidos.
Fomos orientados, durante muitos anos e ainda continuamos, para um “público-governo” em que os bens são na maioria de “propriedade governamental”. Quase tudo é de responsabilidade do governo. A rua e a praça, símbolos da nossa sociedade, são “para” e não “do” povo. E é isto que faz a grande diferença.
Esta praça deve ser do povo e não apenas para o povo. Esta praça é nossa! E não do governo para o povo. O Governo constrói esta rua para o povo, que passa a ser o seu dono. Porque o povo lhe deu o direito e a responsabilidade para isso. O governo faz porque nós queremos que faça a praça e passa a administrá-la porque nós lhe damos essa função. E muitas praças nós mesmos iremos administrá-las. E, como praças, também estão hospitais, centros de saúde, ambulatórios, campanhas de saúde pública e muito mais. Desse direito nasce em contrapartida: a nossa responsabilidade social individual e coletiva;
E isto em saúde é de suma importância porque são muitos os direitos que temos de adquirir, assumindo muitos deveres e funções que darão muito trabalho. Esta praça sendo minha, tenho de ajudar a limpá-la e conservá-la. E toda uma nova conduta social aparece. E muitas palavras novas tomam sentidos mais rigorosos e valorosos como o da responsabilidade individual e coletiva. As organizações particulares, muito mais “inteligentes” estão, rapidamente, adotando a prática da responsabilidade da “saúde corporativa”, como já destaquei em artigo anterior quando fui convidado para participar de vários de seus programas. Os resultados têm sido enormes e de grande significado no sul do país.
Nos países desenvolvidos já não basta que as pessoas tenham somente saúde, mas sim que alcancem saúde com qualidade de vida, longevidade saudável e com satisfação de viver. E assim crescem as nossas responsabilidades individuais no Índice de Desenvolvimento Humano, Promoção da Saúde, Qualidade de Vida, Extensão da Vida, Longevidade Digna, etc. Alguns desses conceitos começaram a ser falados em nosso país mas muito pouco tem sido feito.
É necessário correr para compensar o prejuízo caso contrário, ficaremos sempre perdendo o bonde que passa. Desculpem o lamento. É que tenho sofrido muito nos últimos anos de luta pela nossa responsabilidade pública, mas também individual sobre Qualidade de Vida, Promoção da Saúde e Longevidade ativa, criativa e saudável. Os políticos têm prometido muito e pouco feito. O tempo está passando e o brasileiro ficando velho (como eu próprio) com um ótimo Estatuto do Idoso sem ser aplicado. Até quando?
Desculpem o meu “Delenda Cartago”, mas como “água mole em pedra dura tanto bate até que fura...”
Antero Coelho Neto.( Médico, Professor e Diretor do IQVida)

domingo, abril 12, 2009

Jovem pobre, pense no assunto!

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL O POVO EM 01-04-09

JOVEM POBRE, PENSE NO ASSUNTO"

Sei que não é fácil pedir ao brasileiro jovem e pobre que pense em sua qualidade de vida e, menos ainda, em sua satisfação de viver. Viver satisfeito com tantos problemas e dificuldades? Eu devo estar brincando ou querendo agredi-lo pois não saberia o que é, realmente, ser pobre no Brasil. Longe disso, principalmente quando me lembro do tempo de jovem quando até a comida era difícil em nossa casa. Mas é que muitos estudos e pesquisas atuais estão a revelar, cada vez mais, a importância e a utilização de condicionantes fundamentais da qualidade de vida em jovens pobres: promoção da saúde (prevenção das enfermidades e dos riscos físicos, químicos e biológicos e estilos saudáveis de vida), conhecimento básico e atual sobre qualidade de vida, obtenção de uma educação dirigida para as profissões sócio-culturais e tecnológicas mais necessárias na atualidade e uma auto-estima elevada. No Brasil as pesquisas utilizam apenas indicadores básicos de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e de IDJ (Índice de Desenvolvimento Juvenil) que estão entre os mais baixos dos países em desenvolvimento. Há anos que falo na criação do ISV (Índice de Satisfação de Viver) para ao brasileiros. E uma melhor qualidade de vida pode ser alcançada pelo próprio jovem pobre desde que, realmente, queira alcançar essas condições. É preciso destacar, no entanto, que falo do pobre e não do “muito pobre” que não tem, na grande maioria dos países, pobres ou ricos, a menor possibilidade de dirigir a sua vida e de poder condicionar o seu comportamento para o que quer alcançar. O pobre sim, pode e deve querer. Estudos revelam que a vontade de se desenvolver e ter melhor qualidade de vida, pode mudar condicionantes supostamente imutáveis. Mas essa proposta assusta, pois a responsabilidade passa a ser maior para o próprio indivíduo e menos do Governo como é comum e mais fácil de acusar. O maior esforço passa a ser nosso e isso não é conveniente para muitos acomodados da vida. Pense no assunto jovem, com muito cuidado e verá que isto é uma verdade da atualidade. Esses conhecimentos estão sendo generalizados e utilizados por muitos jovens, principalmente pertencentes às classes pobres e médias de países desenvolvidos e em desenvolvimento. Por exemplo, os europeus jovens (numa pesquisa em 27 países, em 2008), numa escala de 1 à 10 , a média dos participantes deu nota 7 para ”satisfação de viver” e 7,5 para “felicidade”. Mas também, obviamente, nunca esquecer que para podermos alcançar esses condicionantes fundamentais de desenvolvimento humano, temos de saber escolher os nossos políticos e dirigentes públicos que são aqueles que possibilitarão a execução de leis e normas públicas dirigidas para a melhoria da qualidade de vida da população. Que não exista a corrupção dos órgãos públicos destacada atualmente na imprensa e que não mais aconteça como nas últimas eleições, quando os candidatos não quiseram e não falaram nada em qualidade de vida e muito menos em satisfação de viver do brasileiro. Falar em jovem feliz, então, nem pensar! Gente feliz e letrada aprende a votar. Antero Coelho Neto - Médico e Professor acoelho@secrel.com.br

segunda-feira, março 16, 2009

Estilos saudáveis de vida

Publicado no Jornal O Povo em 04-03-09

Quando as pessoas me dizem o quanto é difícil e “chato” adquirir e manter estilos saudáveis de vida, sempre estou a lembrar de meu tio Joaquim, que gostava tanto do lazer que muitos lhe davam o apelido de “Feriado”. Preguiçoso, estará o leitor a pensar? Pelo contrário, era muito trabalhador e tinha grande alegria de realizar seu trabalho, na loja de seu pai. Todos os dias, se levantava bem cedinho para caminhar na praia Formosa, com os pés dentro da água do mar. Diziam os irmãos dele que ia era “flertar” com as garotas que encontrava pelo caminho. Alegre como ninguém, todo sábado à noite ia para a farra nas pensões alegres da Major Facundo onde era conhecido como grande dançarino e por não gostar de álcool. Vez por outra bebia um pouco e pagava cerveja para todos para agradar a “madame”, dona das “raparigas”. Odiava a fumaça dos cigarros e charutos porque dizia que fedia e manchariam os seus dedos, sempre com unhas muito bem feitas e pintadas pela manicura no seu salão predileto na rua Floriano Peixoto. Era o tipo, cantado em prosa e verso, do almofadinha. Boa pinta e boa fala, cantava todas que chegavam perto. Mas tinha uma estranha maneira de selecionar as suas “caças”: somente queria as magras, mais de 20 anos de idade, alegres e que fossem carinhosas e não as “boas de cama” como todos exigiam na época. Era magro, comia pouco e quase sempre estava pedindo peixe com batatas. Dizia que a gordura da carne de boi lhe fazia arrotar e que não fazia bem a sua digestão. Vez por outra, no entanto, quando tinha vontade, comia carne assada com os amigos. Nas férias, ia para a Serra da Meruoca onde tinha uns lugares secretos para passear. Ah! Ia esquecendo que, depois de mulher, o que mais gostava era de ler os romances da época. Vez por outra foi flagrado escrevendo poesias que ninguém jamais conseguiu ler, pois as escondia com muito cuidado. Era religioso e tinha muita fé em São Paulo que ele achava um “senhor santo” e que muito a ele devia de sua vida. Quando já tinha uns 40 anos foi embora para a Bahia, casou , teve vários filhos e netos e lá viveu sempre muito alegre e feliz, até que faleceu com 105 anos, lúcido e ativo. Sentiram, meus leitores, os estilos de vida do Joaquim? Por suas razões e escolhas já naquele tempo tinha estilos de vida exemplares com muita satisfação de viver. Por sua própria decisão praticava exatamente o que receitamos hoje como verdadeiros “remédios” para a cura e prevenção: momentos de lazer, alegria, alimentação saudável, atividade física, sem fumo e sem álcool, trabalho com prazer, ler romances e poesias, gostar de mulheres carinhosas, praticar sexo com amor, ter fé em Deus e muita auto-estima. Como estou fazendo um estudo das minhas memórias, tive a grata satisfação de ler estes dados sobre o Joaquim, deixados por sua irmã em um caderno velho. Querem uma surpresa mais? Adorava cenoura (betacaroteno), laranjas (vitamina C) e leite (cálcio). E também bebia muita água, pois dizia que era bom fazer muito pipi. Viram como é possível ter estilos saudáveis de vida de uma maneira alegre e feliz? Nada de radicalismos e sim, equilíbrio com satisfação.
ANTERO COELHO NETO Médico e professor

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

RICO, pense no assunto!

Artigo Publicado Jornal O Povo
Rico, pense no assunto!
Antero Coelho Neto04 Fev 2009 - 00h16min

Você aí brasileiro rico, que quer ser cada vez mais rico, que trabalha de maneira estressante todos os dias da semana para aumentar o seu patrimônio e que tem pouco tempo para a família e não colabora com os pobres, já pensou nas seguintes possibilidades? Quando você morrer os seus filhos e netos, para os quais você pouco teve tempo de amá-los, poderão gastar o dinheiro que herdarem de uma maneira que você não aprovaria? Que, sua viúva poderá ser então uma mulher feliz e até se casar com um jovem “enxuto e sarado” ? Que seus filhos poderão fazer a maior batalha na divisão da riqueza que você vai deixar para eles? Que até podem descobrir o quanto você gastou com as suas amantes? Que muita gente se lembrará de você apenas como um homem rico que não teve amor e não ajudou os seus funcionários, nem os pobres e enfermos necessitados? E que, mesmo com toda a sua riqueza, teve uma qualidade de vida muito deficiente? É isto que você deseja? Ou vai pensar neste assunto com bastante cuidado?
Com toda a certeza estará dizendo que estou fazendo essas perguntas por que sou um pobre, invejoso e incompetente.
Pois vocês necessitam saber que todas essas perguntas e muitas outras, foram feitas de uma maneira científica e objetiva, em uma grande pesquisa realizada nos Estados Unidos sobre “A satisfação de viver dos ricos na atualidade”.
E aí o resultado geral e já esperado: riqueza não é condicionante fundamental de boa qualidade de vida e menos ainda de satisfação de viver. Que o dinheiro necessário para uma boa qualidade de vida é somente aquele suficiente para que se tenha uma boa moradia, educação para os filhos, seguro saúde e de vida, reserva para eventualidades e situações de emergência, transporte adequado para a movimentação da família, alimentação saudável, possibilidades de períodos de lazer e férias proveitosas, valorização e uso de aspectos sócio-culturais e de estímulo para a melhoria da auto-estima e, nos últimos anos, a caracterização cada vez maior de uma espiritualidade livre e fundamental. Ou seja: principalmente para as pessoas da classe média dos países desenvolvidos. Sim, por que considerar classe média com R$ 1070,00 por mês numa família de cinco pessoas, como se faz no Brasil, é a esdrúxula classificação de brasileiro para agradar o Presidente da República.
Mas o mais gratificante para nós foi a revelação de que muitos ricos melhoraram de QV quando descobriram o valor da responsabilidade social deles mesmos e de suas empresas na melhoria da saúde e da qualidade de vida de seus funcionários (Saúde/QV corporativa), necessitados e familiares e passaram a aplicar somas significativas nessas áreas.
E, como já era previsto, lucrando mais e tendo uma grande repercussão de suas ações que lhes transformaram em verdadeiros benfeitores. Por isso este nosso convite para os ricos de nossa terra: vamos pensar no assunto? Antero Coelho Neto - Médico e professor

quinta-feira, janeiro 08, 2009

A MEMÓRIA

"A memória"

Artigo publicados no Jornal "O Povo" em 07-01-09

As dimensões fundamentais da Vida são a Quantidade, Qualidade, Consciência, Valores, Crenças, Liberdade e Ética. Mas é o Amor que engrandece a Vida e a Memória que permite que ela seja lembrada para sempre. Esta, nas suas duas interpretações essenciais: capacidade anatomo-fisiológica de reter as idéias, nomes, impressões e conhecimentos adquiridos e, como lembrança, reminiscência e recordação. Por isso achei excelente e muito oportuna a matéria sobre os cientistas Gordon Bell e Deb Roy, publicada na Veja Especial de Setembro (Tecnologia). Excelente pela maneira como foi detalhada e agradavelmente escrita. Oportuna por tratar do assunto Memória (lembranças) de uma maneira moderna, atual e necessária. Nós, brasileiros, não temos ainda o hábito do cultivo da Memória na guarda e preservação do passado e na possibilidade de ser usada para não repetir erros, mudar julgamentos e melhorar as nossas decisões. Em muitos países as pessoas desenvolvem a Memória como um elemento fundamental e inteligente da Vida, numa verdadeira demonstração de que não é suficiente apenas viver, é necessário que ela tenha valor para ficar na nossa lembrança, dos familiares, amigos e até da população, em muitos casos. Sempre tenho dito que aquilo que não pintamos, escrevemos, cantamos, esculpimos, fotografamos, gravamos, filmamos, poetizamos, etc..., não existiu. Existe no momento e depois passa, é esquecido. O tempo passou e levou. Principalmente nos jovens brasileiros vemos um total desprezo por guardar e perpetuar o acontecido. Depois, na velhice, comprovamos a tristeza de não ter guardado nada ou quase nada. E o que fazer, depois? Não lembramos, muitas vezes, nem o nome dos nossos antepassados próximos. Vocês podem imaginar como seria a nossa história sem memorialistas como Marciano Lopes, Nirez e Cristiano Câmara? A informática nos possibilita guardar a nossa memória com muito maior facilidade. Como fizeram Bell e Roy. E aí o excepcional exemplo para todos nós na perpetuação dos dados e elementos de nossa vida. O Google constitui o gigante da internet que nos ajudará, cada vez mais, nessa empreitada. Mas a alegria foi ainda maior ao comparar com a mesma idéia que tive em 1994 ao regressar do exterior. Desde então tenho arquivado tudo no meu Banco da Vida. São cerca de 40 gigabytes arquivados em HD e DVD’s, com fotos, documentos, webs visitadas, vídeos, apresentações em PowerPoint (aulas, conferências, palestras, projetos de organizações, etc.), músicas, cartas e e-mails, situações bancárias, diário de viagens, todos os programas de Rádio que tenho coordenado nesses últimos 10 anos (Novas Dimensões na Rádio AM-do Povo e Novas idades na Rádio FM-Universitária) e todos os artigos e livros que escrevi em todos esses anos. Conforta-me saber que, mesmo que tudo isto não seja nunca conhecido do público, as palavras e os momentos que valeram a pena, estarão arquivados no meu HD e será parte do que deixarei como “lembrança” para meus familiares como minha Memória. Se alguém , algum dia, quiser saber... Guimarães Rosa disse: “Se eu lembro, tenho”. Nada mais certo. Mas o lembrado precisa ser guardado.

Antero Coelho Neto - Médico e professor