terça-feira, agosto 24, 2010

"Nosso Velho Querido"

NOSSO VELHO QUERIDO

Na luta que temos para a promoção da saúde e prevenção das doenças nas
idades extremas da vida – infância e velhice – é que encontramos as
barreiras mais complexas e desafiantes.

E, das idades extremas, a velhice no Brasil é a mais carente de ajuda e de
suporte. No racional e cruel jogo das prioridades, simplesmente "elimina-se"
o velho.

As barreiras psicossociais são graves e importantes na medida em que há uma
profunda mudança no comportamento do próprio indivíduo ao atingir a velhice
ao lado da clássica e criticável atitude de rejeição dos familiares, ainda
comum em algumas sociedades do mundo. No Brasil estamos, felizmente,
começando a melhorar.

A causa fundamental dessa mudança comportamental é o medo que muitos temos
da velhice. Medo biológico da deficiência ou incapacidade funcional de todos
os nossos órgãos vitais e da vida em relação ao meio exterior. Medo
fisiológico da diminuição das motivações orgânicas, determinantes que são as
mais preocupantes para os homens em geral. E há, também, o medo da
ociosidade, da dependência, da segregação familiar e da sociedade. Chegar ao
o momento do "nada fazer" e do "nada poder fazer" é uma cruel antevisão do
homem maduro no mundo moderno. Quando as taxas de desemprego atingem valores
insuportáveis, essa situação agrava-se ainda mais.

As barreiras orgânicas, representadas pela patologia das células e dos
órgãos envelhecidos são de enorme complexidade pelo pouco conhecimento que a
ciência dispõe sobre as causas fisiopatológicas do processo de
envelhecimento protoplasmático e, principalmente, sobre a sua morte.

Várias e graves doenças acontecem após os 50 anos de idade acometendo os
sistemas cardio-vascular, endócrino, urinário, respiratório, digestivo,
músculo-esquelético e metabolismo. Sem esquecer, naturalmente, o estigma do
câncer que, inexoravelmente, aparece com maior freqüência à medida que
avançamos nos anos. As ciências médicas não conseguiram ainda aquele
progresso que desejávamos no tratamento dessas inúmeras doenças mas o
progresso nessa década passada foi muito estimulante.

As barreiras funcionais ainda são muito complexas pois há uma grande
inadequação gerencial na administração dos problemas dos indivíduos da
terceira e quarta idades e a não utilização da Promoção da Saúde e
dos devidos níveis de atenção da saúde da população.

O Censo Brasil 2010, iniciado este mês, será de enorme importância para
comprovar o progresso de nossos idosos. E em 2020 estaremos aqui, novamente,
para comentar as melhorias alcançadas. De acordo?

Dr. Antero Coelho Neto

Médico e Professor

ProQVida

O IQVida , desde há algum tempo não tem mais personalidade jurídica como organismo operacional e fiscal
Presentemente constitui um dos Programas da Fundação Brasil Cidadão e denominado ProQVida. Com isto acreditamos que ganharemos muito mais operacionalidade e conseguiremos com muito mais facilidade atingir os nossos objetivos técnicos e científicos.

Antero Coelho Neto