O Povo – Online
Artigo 08-08-12
Solidão,
meu vício
A
solidão constitui um assunto muito comentado, desde o início do desenvolvimento
do mundo pensante, por filósofos, poetas, escritores, cientistas, profissionais
da saúde e outros. Ao pesquisar, encontramos milhares de conceitos e frases
definindo o que seja “solidão”, para muita gente importante. Aristóteles, já
dizia: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem, ou é Deus”. Claro
que nem uma coisa e nem outra. Elucubração de filósofo.
Venho
estudando a solidão, desde há muitos anos, pela sua grande importância prevista
na nossa qualidade de vida e longevidade. E também até já escrevi vários poemas
e, um deles, Solidão, meu vício, tem sido um dos mais citados e comentados em
vários “blogs e sites” de internautas aficionados do Brasil.
Mas
agora o assunto ganha um enorme valor médico quando tem a sua confirmação
científica através de uma grande pesquisa efetuada nos EUA e publicada no
jornal da Associação Médica Americana, intitulada Solidão nos idosos - Declínio
funcional e morte, mostrando o valor dos fatores psicológicos produzindo o
“estresse da solidão”, causador de doenças e diminuição da nossa longevidade.
Costumo
dividir a solidão em três tipos: física, mental e espiritual. Física, quando a
pessoa não tem o contato permanente com outras, por diferentes motivos. Muito
comum nos EUA e em vários outros países, pela grande quantidade de idosos
morando sozinhos, o que é uma grande preocupação na saúde pública desses
países. Agora, estamos chegando a este tipo no Brasil com o aumento rápido de
nossos idosos.
Solidão
mental quando, tendo ou não o convívio com outras pessoas, fica ”isolada em
si”, pensando com prazer ou pesar. E aí são diferentes e conflituosos tipos de
consequências, algumas boas, outras más. Para manter a mente ativa são várias
as possibilidades indicadas: leitura, música, prática de exercícios cerebrais,
neurolinguística, técnica da mente ativa (DMT), neurobiótica, prática de
escrever, tocar, cantar, participação em grupos nas suas diferentes modalidades
sociais, etc.
Na
solidão espiritual a pessoa fica isolada, pensando em seu Deus ou divindades,
quando então mobiliza neuro-transmissores, que podem promover satisfação de
viver e até momentos de felicidade. As pesquisas têm revelado a enorme
importância desses elementos na mobilização de nossa vida normal e na
manutenção de nossa saúde, qualidade de vida e também na longevidade. Esses
achados científicos reconhecidos engrandecem e estimulam a nossa luta para que
todos busquem estilos de vida saudáveis. Confirmando assim a OMS quando publica
que: 70% das enfermidades não aparecem quando as pessoas praticam estilos de
vida saudáveis.
Como
bem destaca o geriatra João Macedo, para nosso programa Novas Idades, na
Rádio-FM Universitária, a grande importância dessa pesquisa da solidão dos
americanos é consolidar o papel dos aspectos sociais na saúde do idoso. Por
isso este lembrete terminal : ”Nunca fique sozinho. Esteja sempre em contato
com você mesmo, seus familiares, seus amigos ou com seu Deus”. E aí vai poder
atingir os 120 anos de vida a que já tem direito.
Antero
Coelho Neto
acoelho@secrel.com.br
Médico
e professor