O Povo
Dia 26-12-12
O GALHO, O TERÇO E A BOLA
São 3 coisas que parecem não
ter relação alguma entre si, mas são os principais objetos que os praticantes
de caminhadas diárias, nas praças cearenses e Avenida Beira-Mar , levam nas
mãos.
O galhinho de arruda
simboliza nossas crendices tão curiosas e freqüentes. O terço, confirma nossa
grande religiosidade católica. E a bolinha de borracha para os exercícios com
os dedos das mãos para uma estimulação muscular durante a sua caminhada.
O galhinho e o terço, ambos
fortes protetores, são utilizados pelas mulheres que caminham quase sempre em
grupos, falando alegremente e, frequentemente, todas contando suas estórias
familiares ao mesmo tempo. Estou criticando? Não, elas têm aquela bendita
capacidade mental que as permite fazer várias coisas ao mesmo tempo.
A bolinha é utilizada pelos
homens, velhos e novos, que buscam perfeição muscular ou saúde corporal. Muitos
sozinhos e, quando em grupos, falando de problemas sociais, política ou
futebol. Eu, que caminho sozinho, pelo meu próprio ritmo, fazendo de conta que
não estou ouvindo, fico me deliciando com as “fofocas” que ouço.
E aí destaco os três
importantes elementos para nossa longevidade: a atividade física, a boa fofoca
e a religiosidade. Fico satisfeito ao comprovar, cada vez mais, o
reconhecimento, pela nossa população, de suas importâncias, com o aumento de
nossa longevidade. Principalmente pelas mulheres.
“Vida ativa” tem sido um
Projeto da OMS, desde há vários anos, e então incorporei este determinante como
essencial para a nossa vida com boa longevidade. Por isso, tem sido
um “slogan” de nosso programa “Novas Idades”, transmitido pela Rádio
Universitária-FM, todos os sábados, as 11:00 horas, para que os ouvintes possam
alcançar uma maior longevidade: “Tenham uma Vida Ativa, Criativa e Saudável”
destacam os Drs. João Macedo, Charlys Nogueira, Jarbas Roriz e o velho aqui que
escreve, responsáveis pelo Programa.
Mas, também, tenho de
destacar um outro fato que encontramos nas praçinhas e locais de caminhadas: os
praticantes são quase todos das classes média e alta. Muitos dispõem de
automóveis (agora cada vez mais) e podem chegar aos locais apropriados. E aí
vem a nítida demonstração de que os pobres não são praticantes de caminhadas
diárias. Academias de ginásticas? Nem pensar. Pobre tem de trabalhar muito para
poder viver e não tem tempo para caminhar ou fazer exercícios. Claro que alguns
poucos têm já uma atividade física realizada nos seus trabalhos. São porem,
cansativas e, algumas vezes, estafantes e traumáticas para determinadas partes
do corpo. É isto aí, meus amigos ricos e da classe média, pobre não tem nem o
“direito” de praticar atividade física recomendável. E fica mais fácil de
adquirir várias doenças conhecidas e mais propenso às práticas proibidas, como
beber e fumar.
Daí, pensei na possibilidade
do próximo Prefeito de Fortaleza inovar, criando um programa de “Vida Ativa”
com as praticas recomendadas para todos os seus funcionários e para a população
pobre em geral, nos diferentes bairros da cidade. E que passem também a usar o
galho, o terço ou a bola, alcançando uma maior longevidade, evitando esta
alarmante obesidade atual e tendo mais satisfação de viver e momentos de
felicidade no ano novo.
Antero Coelho Neto
Médico e Professor
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