quarta-feira, novembro 05, 2008

ESPERANÇAS

Artigo publicado no Jornal O Povo em 05-11-08

Os estudiosos da mente humana e dos possíveis comportamentos de cada um, sempre têm destacado que tudo, em nossa vida, parece ser dirigido para uma esperança, uma busca de desenvolvimento.
Tudo se passa com o indivíduo buscando crescer e, em cada momento, ele sente uma esperança de mudança. Nada é estático no corpo humano e tudo parece ser concebido para ir mudando, de acordo com as diferentes características de cada um, em cada momento da vida, dentro de um equilíbrio físico, mental e espiritual.
E ai estaria a explicação do grande destaque mundial para os jogos, quando as expectativas/esperanças aumentam, mobilizam nossos neuro-transmissores, nos dão prazer, satisfação e até felicidade para alguns, como já dizia Berilo Neves, "a esperança é a arte de ser feliz sem a felicidade... ".
E nos idosos isso é altamente estimulante. Manter a mente ativa é fundamental. A atividade mental, aumentando as sinapses entre os neurônios, ajuda a evitar a perda de memória e algumas doenças degenerativas e pode adiar o aparecimento de outras. Diversas pesquisas foram já realizadas para comprovar os benefícios dos jogos de "raciocínio" e também os da "sorte" e os de "capacitação" que lhes proporcionam a necessária e indispensável atividade física. Por isso aprovamos os jogos e, quando vemos o "show" da polícia contra (?) o jogo do bicho, fico a indagar se este seria o melhor caminho indicado. Primeiramente porque esses cenários têm sido uma farsa e, segundo, porque estaríamos impedindo o emprego e a satisfação de muita gente, de muitos idosos.
Farsa que eu comprovei desde há muitos e muitos anos atrás. Lembro que, no início da década de 40, criança ainda, presenciei nas coincidências da vida, uma situação idêntica, com a polícia "acabando" com o jogo do bicho do Antônio Mororó.
Gente, vamos ser inteligentes, práticos e oportunos. Não se permitem os cassinos famosos e os navios-da-sorte para os ricos se locupletarem e terem mais satisfação de viver? Não se oficializaram as loterias federais, estaduais e municipais? Por que não regulamentar o jogo do bicho com os devidos impostos, controle fiscal e administrativo? Por que não deixar a salutar competição com os outros jogos? E, claro, com os impostos dedicados aos programas de saúde infantil, do idoso e dos necessitados especiais. Exatamente para esses que o governo brasileiro não tem podido cuidar como deveria, pela enorme quantidade de pobres miseráveis que estão nesses três grupos de nossa população. Aqueles que necessitam de mais esperanças. Quem é que poderia criticar?
Ah! Ia me esquecendo de dizer que todas as semanas eu aposto na Quina e na Sena e minha mulher no Toto-Lec. Sabendo para onde iriam os impostos, quem sabe eu até poderia mudar e apostar no 3?
Antero Coelho Neto - Médico e Professor

Nenhum comentário: