domingo, agosto 19, 2012

Solidão, meu vício-Artigo de Agosto


O Povo – Online

Artigo 08-08-12



Solidão, meu vício

A solidão constitui um assunto muito comentado, desde o início do desenvolvimento do mundo pensante, por filósofos, poetas, escritores, cientistas, profissionais da saúde e outros. Ao pesquisar, encontramos milhares de conceitos e frases definindo o que seja “solidão”, para muita gente importante. Aristóteles, já dizia: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem, ou é Deus”. Claro que nem uma coisa e nem outra. Elucubração de filósofo.

Venho estudando a solidão, desde há muitos anos, pela sua grande importância prevista na nossa qualidade de vida e longevidade. E também até já escrevi vários poemas e, um deles, Solidão, meu vício, tem sido um dos mais citados e comentados em vários “blogs e sites” de internautas aficionados do Brasil.

Mas agora o assunto ganha um enorme valor médico quando tem a sua confirmação científica através de uma grande pesquisa efetuada nos EUA e publicada no jornal da Associação Médica Americana, intitulada Solidão nos idosos - Declínio funcional e morte, mostrando o valor dos fatores psicológicos produzindo o “estresse da solidão”, causador de doenças e diminuição da nossa longevidade.

Costumo dividir a solidão em três tipos: física, mental e espiritual. Física, quando a pessoa não tem o contato permanente com outras, por diferentes motivos. Muito comum nos EUA e em vários outros países, pela grande quantidade de idosos morando sozinhos, o que é uma grande preocupação na saúde pública desses países. Agora, estamos chegando a este tipo no Brasil com o aumento rápido de nossos idosos.

Solidão mental quando, tendo ou não o convívio com outras pessoas, fica ”isolada em si”, pensando com prazer ou pesar. E aí são diferentes e conflituosos tipos de consequências, algumas boas, outras más. Para manter a mente ativa são várias as possibilidades indicadas: leitura, música, prática de exercícios cerebrais, neurolinguística, técnica da mente ativa (DMT), neurobiótica, prática de escrever, tocar, cantar, participação em grupos nas suas diferentes modalidades sociais, etc.



Na solidão espiritual a pessoa fica isolada, pensando em seu Deus ou divindades, quando então mobiliza neuro-transmissores, que podem promover satisfação de viver e até momentos de felicidade. As pesquisas têm revelado a enorme importância desses elementos na mobilização de nossa vida normal e na manutenção de nossa saúde, qualidade de vida e também na longevidade. Esses achados científicos reconhecidos engrandecem e estimulam a nossa luta para que todos busquem estilos de vida saudáveis. Confirmando assim a OMS quando publica que: 70% das enfermidades não aparecem quando as pessoas praticam estilos de vida saudáveis.

Como bem destaca o geriatra João Macedo, para nosso programa Novas Idades, na Rádio-FM Universitária, a grande importância dessa pesquisa da solidão dos americanos é consolidar o papel dos aspectos sociais na saúde do idoso. Por isso este lembrete terminal : ”Nunca fique sozinho. Esteja sempre em contato com você mesmo, seus familiares, seus amigos ou com seu Deus”. E aí vai poder atingir os 120 anos de vida a que já tem direito.

Antero Coelho Neto

acoelho@secrel.com.br

Médico e professor


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